segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Para ler nas entrelinhas

Estava um dia de sol radioso naquele célebre mês de Abril, um grupo de amigos estava na praça nos devaneios da juventude quando, de repente, surge o rumor que algo estaria a mudar. Esse grupo ficou de alguma forma surpreendido com o que estava a escutar e, decidiu informar-se o que se estava a acontecer. Vai daí algo de muito novo no vocabulário surgia, Liberdade, Democracia, então os jovens numa havida sede de novos conhecimentos, partiram à descoberta do significado destas palavras, encontraram uma roda dentada símbolo das fábricas, uma estrela que recordava o que era ser livre e não menos importante, uma alfaia que representava a agricultura, aqui beberam uma lição de humildade e de respeito pelos ideais dos seus concidadãos.
A escola ensinava os traços de uma cultura, a outra escola, ensinava o que a vida lhes reservava e então, ao som das palavras de ideólogos foram formando as suas capacidades de intervenção na sociedade. Prosseguiram caminhos diversos. Mais tarde, aliando o lazer à sua vida pessoal e comunitária, nunca se desligaram daquela célebre praça.
Como a vida nos presenteia naquilo que melhor sabemos fazer, um dos jovens optou por isso mesmo, ser o primeiro e nesse dia, começou a talhar o seu caminho com um objectivo, ser o couteiro mor da praça e tanto lutou que lá chegou, mas os entraves que se deparou causavam-lhe uma certa confusão e perguntava-se a si próprio quando viu a quantidade de recursos que tinha à sua disposição. Porque não posso eu deitar para o lixo todas bugigangas e arrumar isto como eu quero?
Então, pensando com os seus botões. Tenho ali uma arrecadação bem grande em que as prateleiras estão vazias, é mesmo ai que vou colocar tudo aquilo que não me interessa. Deu voltas e mais voltas e começou a seleccionar o que haveria de colocar nas prateleiras daquela velha arrecadação, então colocava um embrulho com a respectiva etiqueta e para o seu lugar adquiria dois adornos a seu jeito, em breve tudo estaria a seu gosto.
Mas, os enjeitados que estavam naquela sala, desejavam que as prateleiras se aguentassem algum tempo, as mesmas estavam com algum bicho por influência da humidade e da pouca respiração da velha arrecadação e, então em jeito de contrapeso lá se iam equilibrando sem fazerem grandes esforços com o objectivo primeiro de não quebrarem as prateleiras. Hoje, olham o futuro com algum receio, o telhado que têm a protege-los, está muito danificado e já algumas gotas de água teimam em cair, do mal, o menos, vão caindo só pelos corredores entre as prateleiras, não os afectando com a sua humidade e logo não aumentando o seu peso na estrutura que os suporta.
Pensando nisso e para que não se desse o seu aumento de peso na estrutura, o jovem optou por mandar reparar o telhado. Mesmo sendo artigos que já não lhe interessava usar, convinha ainda preservar por mais algum tempo não viesse por ai alguém a questionar um dia, sobre o que tinha acontecido aos objectos que estavam na praça.

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