Encontrei algo que me recordou os longínquos tempos de frequência escolar, encantado pela forma como relatava a sua odisseia, onde cantava os feitos de uma longa viagem ficou-me algo na memoria de alguém que defendia os pobres, esse ilustre cidadão terminou a sua vida numa pobreza total, legando a Portugal a sua maior riqueza literária, como se devem ter apercebido estou a falar de Luís Vaz de Camões.
extracto do Canto VII dos Lusíadas
Nem, Camenas, também cuideis que cante
Quem, com hábito honesto e grave, veio,
Por contentar ao Rei no oficio novo,
a despir e roubar o pobre povo
Nem quem acha que é justo e que é direito
Guardar-se a lei do Rei severamente
E não acha que é justo e bom respeito
Que se pague o suor da servil gente
extracto do Canto IX dos Lusíadas
Vê que aqueles que devem à pobreza
Amor divino e ao povo caridade
Amam somente mandos e riqueza,
Simulando justiça e integridade;
Da feia tirania e de aspereza
Fazem direito e vã severidade:
Leis em favor do Rei se estabelecem,
As em favor do povo só perecem
Para finalizar um soneto também este dedicado à pobreza Dos Céus à terra dece a mor beleza
Luís Vaz de Camões
Dos Céus à terra dece a mor beleza,
une-se à carne nossa e fá-la nobre;
e, sendo a humanidade dantes pobre,
hoje subida fica à mor alteza.
Busca o Senhor mais rico a mor pobreza
que, como ao mundo o seu amor descobre,
de palhas vis o corpo tenro cobre,
e por elas o mesmo Céu despreza.
Como Deus em pobreza à terra dece?
O que é mais pobre tanto lhe contenta
que só rica a pobreza lhe parece.
Pobreza este Presépio representa.
Mas tanto, por ser pobre, já merece
que quanto é pobre mais, mais lhe contenta.
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