domingo, 25 de abril de 2021

O meu regresso

Hoje, como prometi estou de regresso, pretendo neste dia de festa fazer uma pequena homenagem a várias pessoas, entre elas o avô, o pai e o irmão do autor do blogue.

O Sr. Joaquim José Carrasquinho, Republicano e Maçom, homem presente em grandes mudanças no nosso País, tendo pertencido ao grupo que implantou a primeira Republica na cidade de Estremoz, no dia 5 de Outubro de 1910. 
O inicio da vida politica desta família na comunidade Estremocense dá-se aqui, porque se formos às suas origens o seu pai era pessoa das letras (professor)  em Vila Viçosa, os seus avós do Porto e os seus Bisavós da Ilha terceira nos Açores, desconhecendo a sua atividade na vida social dos locais onde estavam inseridos. 
Ele, foi de alguma forma quem estabilizou a família em Estremoz, dando origem ao pai do autor do blogue que, por sua vez por cá continuou e com uma breve passagem de 2 anos pela ilha terceira nos Açores aquando da segunda guerra mundial, tendo regressado a Estremoz no final do conflito.
O mestre Albino dos Fartos, assim era conhecido e segundo os que o conheciam, tinha umas mãos de ouro, pois a qualidade do seu trabalho, o empenho e a dedicação, faziam dele um dos melhores artífices da arte de trabalhar o ferro, tendo sido agraciado pelo Estado Novo, com a medalha de ouro de bons serviços, da associação patronal das industrias metalomecânicas. Homem de confiança da policia e do Banco de Portugal, onde foi requisitado para proceder à abertura das caixas fortes onde, esteve cerca de 15 dias, requisitado pelo banco por morte do gerente e com ele os códigos de abertura tinham ido. Estes cofres foram todos abertos, sem danificar nenhum deles, mas não há bela sem senão, ao descrever o que descrevi, poderíamos pensar que ele seria um dos apoiantes de Salazar, Tomaz ou Caetano, não! Comprava as suas sardinhas em caixas de fósforos, só percebi o que era depois do 25 de abril, onde lá dentro em vez de sardinhas, vinha o AVANTE. Sempre foi um democrata na área Comunista, elemento do Conselho Municipal de Estremoz, dirigente sindical do metalúrgicos, bichinho este que incutiu aos seus dois filhos Paulo, que morreu sendo dirigente sindical do STAL e que falarei mais à frente, e Albino, seu homónimo que ainda hoje exerce funções de direção sindical no SINTAP e na UGT Évora, também falarei mais à frente dele, voltando ao mestre Albino, era uma pessoa que estava na sociedade estremocense, na linha de quem gostava de ajudar os mais necessitados e aqueles que, pela sua falta de habilitações não sabiam resolver assuntos como, uma simples reforma e outros similares, foi candidato à Assembleia Municipal de Estremoz pela FEPU.
O Paulo Carrasquinho, que dizer, a vida levou-o cedo demais, dias depois do seu maior sonho ter nascido, apenas a viu em fotos e a vida não lhe deu o prazer de qualquer avô, tocar a sua neta primogénita. O Paulo, trabalhador que herdou do pai a arte de trabalhar o ferro com destreza, mas não herdou só isso, herdou o espirito reivindicativo de defesa de quem trabalha, da defesa da constituição e da legislação de trabalho, sistematicamente violada em que os sindicalistas, têm de estar sempre em guarda. Procuraram afastá-lo do que mais gostava, o contacto com os seus camaradas de trabalho, ele conseguia de alguma forma manter esse contacto no entanto, esse afastamento era desgastante, o mesmo era mantido sem razão e contrariando sentenças judiciais, mas nunca abdicou dos seus direitos, liberdades e garantias, apenas uma coisa o derrotou, a doença, que o destruiu por dentro, mas uma coisa não lhe destruiu, o amor, pelos que lhe queriam bem e, o ódio, pelos que o maltrataram, levou com ele a tristeza pelo seu irmão não lhe ter escrito a carta aberta que ele queria, esse seria o seu último desabafo enquanto sindicalista, ser humano com sentimentos e enquanto homem lutador que dizia orgulhosamente sou " Comunista" ...

O autor do Blogue, vocês conhecem, portanto não vale a pena escrever sobre ele.  

Para terminar excertos de um poema de José Barata Moura que o Paulo gostava e aqui vai a minha homenagem pelo lutador que foste .

Só o povo unido
No  campo, na cidade
Pode  dar sentido
À nossa liberdade
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Não são aventureiros
Que só falam p’ra enganar
Nem outros empreiteiros
Da desgraça popular

Não são os lacaios
Fáceis de comprar
Uma pipa, três paios
E ai estão eles a bufar

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Não são os traidores
Da confiança popular
Nem os sabotadores
Do que custou a trabalhar

Não são os bombistas
E quem lhes está a pagar
Nem são os fascistas
Que querem regressar

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