sábado, 17 de abril de 2021

Bernardim Ribeiro

Como decidi repor alguns textos antigos sobre pessoas de Estremoz ou, relacionadas com a nossa cidade, hoje sai o que publiquei sobre Bernardim Ribeiro, um escritor que dá nome à nossa sala rainha de espetáculos, de notar que este texto foi escrito antes do acordo ortográfico e, vai manter-se como tal.

Bernardim Ribeiro,(1482? - 1552?) Como não podia deixar de ser, a minha pesquisa sobre páginas ligadas de alguma forma a Estremoz, encontrou alguém que sendo alentejano, tem o seu nome ligado à nossa cidade e à arte dramática.
Escritor português, cuja biografia se desconhece. Algumas referências na sua obra, que se supõe serem autobiográficas, levam a pensar que seria natural da actual Vila do Torrão (Alentejo), e certas conjecturas feitas a propósito da segunda edição de Menina e Moça apontam para que tenha morrido antes de 1557.
Frequentou a corte, onde foi poeta conhecido, já que figura entre os colaboradores do Cancioneiro Geral de 1516, de Garcia de Resende, e Sá de Miranda refere-se-lhe, em obras suas, como amigo e companheiro de letras, afirmando que, com as suas éclogas, Bernardim foi o introdutor do bucolismo em Portugal. A sua obra mais celebrada é Menina e Moça, de que há três versões. A primeira foi editada, em 1554, em Ferrara, pelo judeu português exilado Abraão Usque, o que apoia a tese de alguns ensaístas, nomeadamente Hélder de Macedo, em Do Significado Oculto da Menina e Moça, acerca do judaísmo de Bernardim Ribeiro. Isto daria à obra, de estrutura aparentemente inconclusa, um significado cifrado que constitituiria a representação esotérica da comunidade judaica no exílio. Tal tese surge apoiada ainda em outros factos da vida do autor, como o seu afastamento forçado da corte, talvez mesmo de Portugal, já que a publicação das suas obras teve lugar em cidades estrangeiras, onde havia comunidades de judeus emigrados. A esta edição de Ferrara seguiu-se a edição de 1557, em Évora, por André de Burgos, e uma terceira, de 1559, impressa por Arnold Birckman em Colónia.
Novela sentimental na linha da novelística peninsular que se desenvolveu por influência de Boccaccio, de temática amorosa e cavaleiresca, com fundo bucólico e autobiográfico (como o sugerem os inúmeros anagramas, quer do nome do autor, Binmarder, quer de pessoas das suas relações, como Aónia ou Avalor), nela se encontra presente uma subtil análise psicológica em voz feminina, eco da tradição galego-portuguesa das cantigas de amigo e precursora do romance psicológico moderno. O amor, trágico, alia-se a um sentimento geral de fatalismo e solidão, numa linguagem que se aproxima sugestivamente do coloquialismo, de extrema riqueza rítmica e lírica. Esta novela, cuja designação desde cedo se popularizou como Saudades, veio influenciar claramente a literatura portuguesa, constituindo um fundo sentimental recuperado e reelaborado posteriormente por vários escritores e, nomeadamente, pelos movimentos romântico e saudosista.
Bernardim Ribeiro escreveu doze poesias menores incluídas no Cancioneiro Geral, a novela Menina e Moça, que inclui três composições em verso (o vilancete Pera tudo houve remédio, a cantiga Pensando-vos estou, filha e o romance de Avalor), cinco éclogas, a sextina Ontem pôs-se o sol e a noute, o romance Ao longo de ua ribeira, e duas cantigas e outras composições incluídas na edição de Ferrara, em 1554, a cargo de Abraão Usque. O romance Ao longo de ua ribeira, única composição portuguesa inserida no Cancioneiro Castelhano de 1550 (segundo Carolina Michaelis), só apareceu publicado com as obras completas do poeta na edição de 1645.
in: 
 História universal da literatura Portuguesa

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