terça-feira, 3 de junho de 2008

CANTAR A LIBERDADE

Hoje em dia de festa da esquerda Portuguesa, podemos reflectir sobre a realidade da nossa Esquerda, observando um evento de verdadeiros homens que se opuseram ao Estado Novo, sendo hoje em dia alguns deles classificados de dissidentes.

Estão presentes cidadãos da área do PCP, do Bloco de Esquerda, do PS.

Os cidadãos socialistas, foram prontamente criticados pelo respeitosos dirigentes do PS Nacional, mas não esquecer que quem criticaram mereceu do povo Português mais votos que o candidato oficial de José Sócrates e do Partido Socialista, que, criou uma plataforma suficientemente estável para o lançamento do candidato Social Democrata, Aníbal Cavaco Silva à Presidência da Republica. Sendo o primeiro Presidente da Republica, à direita do espectro politico Português depois de Abril de 1974, o que me leva a crer que foi estudado e bem estudado pela ala social democrática do PS, o apoio a Mário Soares e creio ter tido a certeza de que era verdade, quando escutei um " PORREIRO PÁ", entre um líder Socialista e um líder Social Democrata, aquando da aprovação da Constituição Europeia digo Tratado de Lisboa e depois a consequente rectificação sem a opinião do povo Português, num passo em que poderemos dizer, temos de repensar a esquerda democrática em Portugal, para não corrermos o risco do bi-partidarismo, o que pode levar a perdas significativas na liberdade e direitos de todos os sectores sócio-económicos.

Deixo para finalizar um poema de Manuel Alegre "O CRITICO"

«Trova do Vento que Passa»

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas

para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste

há sempre alguém que diz não.

Manuel Alegre

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