domingo, 6 de março de 2011

E depois de " E depois do adeus"

Lembro-me de em 1974 ver a preto e branco um espectáculo que se chamava festival da canção e nessa altura não tínhamos mais que a RTP 2 como alternativa.
O, "E depois do adeus", foi o vencedor desse ano do festival mas foi muito mais que isso foi o inicio da mudança.
Ontem assisti a um espectáculo em que vi os homens da luta ganharem perante os protestos de muitos dos assistentes que, democraticamente, viu-se como aceitaram a decisão do publico e pelo que, abalaram antes da actuação final. Um perfeito desrespeito para quem também tem opinião e esse, é o povo, que votou e elegeu a musica de protesto como o nosso representante. Pena seja que aqueles que se levantaram não percam os seus haveres à mão de Sócrates e aí talvez pensassem que o grito de protesto quer dizer alguma coisa, como diziam os homens no fim, vamos à luta dia 12 e, se for preciso a 13 e poderíamos continuar por um mês até á exaustão.
Estando ligado ao mundo cultural e à divulgação musical não é preciso ser maestro ou formado ao Domingo para perceber que hoje o que se pretende em termos musicais é a musica de intervenção basta ver as edições de musica que têm sido efectuadas nos últimos tempos com musicas dos anos setenta que são verdadeiros exitos para uma geração que nem sequer conheceu as problemáticas que deram origem a temas cantados ou executados por Ary dos Santos, Rubem de Carvalho ou António Gedeão, Manuel Freire, Sérgio Godinho, Francisco Seia, Samuel, Zeca, Carlos do Carmo, entre muitos outros .
Hoje a luta está na rua, a musica está a ser palavra, pode ser que ajude a voltar a ter aquele significado de ser a voz da contestação, porque de musica de lamechiche, amor aos molhos e outras coisas parecidas já tivemos mais de trinta anos bem ditos os Xutos com o seu tema do engenheiro, bem ditos os Deolinda e agora os incontroláveis homens da luta que estão a dar cartas.
Recordo que a manifestação "à rasca" se tiver 50.000 manifestantes pode marcar a diferença só assim provamos que somos um país livre.Saquei o video do You TUB e aqui passo a final



Aqui fica a letra da canção vencedora do 47º Festival RTP da Canção

(letra de Nuno Duarte / música de Vasco Duarte)

Por vezes dás contigo desanimado
Por vezes dás contigo a desconfiar
Por vezes dás contigo sobressaltado
Por vezes dás contigo a desesperar

De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar
De pouco vale o cinto sempre apertado
De pouco vale andar a lamuriar
De pouco vale o ar sempre carregado
De pouco vale a raiva para te ajudar

De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar

E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção»

Não falta quem te avise «toma cuidado»
Não falta quem te queira mandar calar
Não falta quem te deixe ressabiado
Não falta quem te venda o próprio ar

De noite ou de dia, a luta é alegria
E o povo avança é na rua a gritar

E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
E tráz o pão e tráz o queijo e tráz o vinho
E vem o velho e vem o novo e o menino
Vem celebrar esta situação e vamos cantar contra a reacção

A Luta continua quando o Povo sai à rua!

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